Agronegócio
Brasil quer vender R$ 10 bilhões de dólares em sorgo para a Cina
/ Pensar Agro
O Brasil está próximo de inaugurar uma nova fronteira de exportação no agronegócio: o mercado chinês de sorgo. Com potencial estimado em R$ 10 bilhões, o gigante asiático é o maior importador mundial do cereal, consumindo anualmente cerca de 7 milhões de toneladas. O acordo entre os dois países prevê o início das exportações em 2025, após a conclusão de exigências fitossanitárias e organizacionais, como a certificação de empresas e a inspeção de lavouras.
Os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia lideram a produção de sorgo no Brasil, que atualmente soma cerca de 5 milhões de toneladas por safra. Cultivado como uma cultura de rotação na segunda safra, o sorgo é usado para alimentação animal, produção de etanol e biomassa.
“O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de sorgo, mas sua exportação ainda é pequena. A abertura do mercado chinês representa uma oportunidade única de expansão. Podemos nos tornar o maior exportador global, competindo diretamente com os Estados Unidos”, afirma Daniel Rosa, assessor técnico da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho).
Para acessar o mercado chinês, o Brasil precisará atender a rigorosos padrões fitossanitários. Entre os requisitos, destaca-se a eliminação de 11 pragas específicas, como a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) e o vírus do mosaico do milho. Além disso, o cereal só poderá ser exportado para processamento, com rígidos controles de limpeza e armazenamento.
Uma vistoria das autoridades chinesas está programada para abril ou maio de 2025, quando as lavouras brasileiras estarão em desenvolvimento vegetativo. O Ministério da Agricultura será responsável pela inspeção de cada remessa, emitindo certificados fitossanitários para garantir a conformidade com as normas chinesas.
A China já importa cerca de 50% de seu sorgo dos Estados Unidos, mas a busca por diversificação de fornecedores abre espaço para o Brasil. “Em meio às tensões comerciais entre EUA e China, o sorgo brasileiro pode se tornar uma alternativa viável e estratégica para o mercado asiático”, avalia Rosa.
Apesar do otimismo, desafios permanecem. A infraestrutura logística brasileira precisa ser fortalecida para atender às demandas internacionais, enquanto produtores e exportadores terão que investir no cumprimento das exigências sanitárias. Além disso, o protocolo acordado com a China tem validade de cinco anos, e a renovação dependerá do desempenho inicial das exportações.
A entrada no mercado chinês pode alavancar não apenas as exportações brasileiras de sorgo, mas também abrir portas para outros países asiáticos, onde o cereal é visto como um substituto ao milho em diversas aplicações. O avanço também pode estimular o consumo interno, especialmente para a produção de etanol, agregando valor à cadeia produtiva.
Com planejamento e investimentos adequados, o Brasil tem potencial para se consolidar como um dos principais fornecedores globais de sorgo, reforçando sua posição de liderança no agronegócio mundial. O mercado asiático representa uma oportunidade promissora, mas também um teste para a capacidade brasileira de atender às exigências de um dos mercados mais competitivos e exigentes.
Agronegócio
Ataque de porcos selvagens em lavouras preocupa em MT
Setor produtivo busca junto ao governo do estado uma forma legal para o controle dos animais.
/ Canal Rural
Os estragos nas lavouras em Mato Grosso provocados por porcos selvagens crescem a cada ano. Em algumas propriedades, produtores relatam perdas tanto na soja quanto no milho que chegam a mais de 10% de prejuízo. O setor produtivo busca junto ao governo do estado uma forma legal para o controle dos animais.
Em Brasnorte, região noroeste do estado, o produtor Matheus Andrzejewski, conta ao Patrulheiro Agro desta semana que esse cenário tem sido uma preocupação constante, uma vez que, ano após ano a quantidade de animais aumenta.
“No milho é uma perda significativa, chega em torno de 5 % por ano, nós estamos em uma área de safrinha de 5 mil hectares. Então, uma perda de 5% é 250 hectares, uma perda muito grande. A gente faz um investimento alto, para colher esse milho e fica na boca do porco e não temos o que fazer legalmente”, conta Matheus.
O presidente do Sindicato Rural do município explica que algum órgão do governo legalize o controle do porco selvagem. Ele explica que o ataque do animal chega à imensidão de perder todo talhão de uma lavoura. “Antes era só no milho, mas agora traz prejuízos até para a soja”.
Em Água Boa, região nordeste de Mato Grosso, o agricultor Antônio Fernandes de Mello explica que não tem como controlar os porcos selvagens.
“Você solta rojão, eles se acostumam. A princípio, se esparramam, se espalham, mas já vão se acostumando com o barulho, e logo estão de volta ali. A gente não pode fazer a caça porque é proibido, a reprodução dele é alta por causa do alimento”, explica.
Os presidentes do Sindicato Rural de Campos de Júlio e Matupá, Rodrigo Cassol e Fernando Bertolin, respectivamente, pontuam o grande crescimento do animal.
Rodrigo conta que na região, passam 600 hectares ao ano destruídos pelos porcos. “A população já está descontrolada e não tem predador suficiente, são bandos de 300 a 400 porcos, então não tem como ter controle”.
Já em Matupá, Fernando diz que os animais causam danos irreversíveis nas lavouras, principalmente, na cultura do milho, quando ela seca e os danos são acima de 10 % em muitos lugares.
Aprosoja adota tarefa de monitoramento
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) adotou uma força tarefa de monitoramento no campo. O objetivo é levantar dados assertivos que possam favorecer uma possível medida de controle populacional.
“Nós conseguimos materiais com fotos, geo localizada para mostrar o ataque que temos no milho e nas outras culturas. Após isso, a Aprosoja-MT junto com a comissão fez a compra de mais de 100 câmeras que vão conseguir monitorar dia a dia o ataque desses animais. Vemos produtores deixando de plantar de 10% a 20% a sua área para não ter essa perda. Esse é um grande problema que não atinge só o produtor, mas todo o social também”, pontua Diego Bertuol, diretor administrativo da Aprosoja-MT.
Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) está sendo discutido o projeto de lei 551/2024 que autoriza o controle populacional e o manejo sustentável do Javali europeu em todas as suas formas, linhagens, raças e diferentes graus de cruzamento no estado.
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