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Agronegócio

‘Nossa realidade é triste, com soja podre e tudo caindo’, desabafa produtor de Mato Grosso

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Chuva excessiva na hora da colheita prejudicou o plano de muitos sojicultores do médio-norte do estado.

A chuva não tem dado trégua em Mato Grosso e o excesso de umidade tem provocado perdas e atraso no andamento da colheita de soja no estado. Para tentar diminuir os prejuízos, a Aprosoja busca alternativas junto ao governo e cerca de 67 municípios podem decretar estado de emergência ou calamidade nos próximos dias.

Por causa do tempo,  a soja segue perdendo qualidade e o cenário é desolador em algumas fazendas. A família Ogliari, de Lucas do Rio Verde, cultivou 6.320 hectares nesta safra e tem talhões com cerca de 35% da produtividade comprometida.

”Estamos lutando para tirar o grão, que já apodreceu. Uma soja acima de 60 sacas e que não vai produzir 50. Triste a nossa realidade, com soja podre, tudo caído”, disse o agricultor Denis Ogliari

Em Nova Mutum, onde o engenheiro agrônomo Cledson Guimarães presta serviços de consultoria agronômica, a situação no campo também é crítica. Tem propriedade com acumulados de 280 milímetros em 15 dias e estimativas de perdas de até 400 hectares de soja.

“Essa soja era para ter sido colhida há 15 dias Agora, saiu o sol e estamos conseguindo colher uma soja que já está apresentando de 10% a 15% de avaria e, se continuar chovendo, o estrago vai ser muito maior”, explicou.

Na região de Cláudia (MT), a situação é ainda mais grave. Além da colheita comprometida, os agricultores não estão conseguindo transportar o que sai do campo.

“Soja brotando, já praticamente tudo podre. Em  uma roça de 18 a 20 dias de dessecada não teve como colher, pois teve muita chuva, fazendo a soja brotar. Além disso, atolou caminhão,  quebrou ponta de eixo e o chão, de tão molhado e tão úmido, chegou a fazer valetas”, disse o produtor Flamarion Paranhos Link.

Segundo o produtor, que também é delegado da Aprosoja no município, muitas propriedades locais terão que arcar com os grãos ardidos ou até mofados.

“Uns  já perderam tudo, outros têm 50% perdido, mas tem que pagar os pacotes, os arrendamentos, financiamento em banco, financiamento de maquinário. Então, é uma situação complicada. Já falei com o prefeito e a gente só está levantando alguns laudos para fazer o estado de calamidade pública”, falou.

Até a última sexta-feira, pouco mais de 67% da área total cultivada em Mato Grosso estava colhida. O ritmo segue abaixo do registrado nesta mesma época do ano passado, quando as máquinas já tinham avançado sobre mais de 91% das plantações.

“Nos últimos dias, a situação da colheita em Mato Grosso se encontra muito complexa, devido ao atraso generalizado dos trabalhos de colheita em função das precipitações, em algumas regiões com muito mais gravidade como a região do eixo da BR-163 e uma parte do Araguaia, Xingú, no eixo da 163 com municípios com 15 a 20 dias sem conseguir entrar pra colher”, falou Fernando Cadore, presidente da Aprosoja-MT.

Para tentar diminuir os prejuízos causados pelas chuvas, a Aprosoja-MT busca alternativas junto ao governo do estado. “É um problema muito sério se perder lavouras já consolidadas, lavouras comprometidas financeiramente para pagar o custo para pagar as despesas para pagar máquinas. Nos reunimos com a Defesa Civil e relatamos os problemas nos municípios que têm essa perda por não conseguir colher. O governo nos fez o compromisso de que irá mandar a Defesa Civil para avaliar quais medidas poderão ser tomadas para que o produtor, ao menos, tenha um respaldo do estado para comprovar que existiu mesmo essa perda”, finalizou Cadore.

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Pedro Silvestre – Canal Rural

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Agronegócio

Acordo Mercosul e UE deve alavancar exportações do agronegócio

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Nesta sexta-feira (06.11), os líderes do Mercosul e da União Europeia celebraram a conclusão do Acordo de Parceria entre os dois blocos, marcando um passo decisivo para a formação de uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Com 449 milhões de consumidores e um PIB combinado de US$ 18,59 trilhões, o pacto promete ampliar significativamente o comércio, com destaque para os impactos positivos no agronegócio brasileiro.

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, destacou os benefícios econômicos do acordo, incluindo a projeção de um aumento de 0,34% no PIB brasileiro até 2044, o que equivale a R$ 37 bilhões. Além disso, o tratado deve elevar os investimentos em 0,76% (R$ 13,6 bilhões), reduzir a inflação em 0,56% e aumentar os salários reais em 0,42%, segundo estudos do governo.

“Este acordo ajuda o Brasil a crescer, aumentando exportações, renda e emprego, enquanto reduz a inflação. Após anos de negociação, esta conquista é extremamente positiva para o país”, afirmou Alckmin.

O agronegócio nacional será um dos maiores beneficiados. Em 2023, o setor exportou US$ 18,7 bilhões em produtos agrícolas para a União Europeia, representando 40% da pauta exportadora ao bloco. O acordo prevê a liberalização total ou parcial de 99% das exportações agrícolas brasileiras, com destaque para frutas frescas, café, carnes e etanol.

Tarifas e quotas

  • Frutas como abacates, limões e uvas terão tarifas eliminadas em até sete anos.
  • Café (verde, torrado e solúvel) terá tarifas zeradas no mesmo período.
  • Carne bovina terá quota de 99 mil toneladas com tarifa reduzida a 7,5%.
  • Etanol contará com quota de 650 mil toneladas, sendo 450 mil destinadas à indústria com tarifa zero.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, celebrou o momento como um marco histórico. “A conclusão deste acordo coloca o Brasil no centro de um dos maiores mercados globais, consolidando o agronegócio como um pilar estratégico. Vamos mostrar nossa competência para acessar este mercado tão importante”, destacou.

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O acordo inclui um capítulo dedicado ao desenvolvimento sustentável, reforçando compromissos com práticas agrícolas responsáveis e proteção ambiental. Ambos os blocos se comprometeram a seguir as diretrizes do Acordo de Paris, assegurando que regulamentos ambientais não sejam usados como barreiras protecionistas.

Além disso, o texto inclui salvaguardas ao chamado Princípio da Precaução, garantindo que medidas protetivas sejam baseadas em evidências científicas, revisadas periodicamente e compatíveis com o nível de proteção de cada país.

Um ponto estratégico para o Brasil é o reconhecimento de 37 indicações geográficas, como o Café da Alta Mogiana e a Cachaça da Região de Salinas. Em contrapartida, o Mercosul reconheceu 346 indicações europeias, criando condições para a valorização de produtos típicos de ambas as regiões.

Embora o Mercosul tenha concedido redução tarifária para 96% das importações europeias em até 15 anos, produtos sensíveis, como queijos, vinhos e chocolates, terão períodos de transição mais longos ou restrições específicas para proteger o mercado regional.

Além dos ganhos diretos, o acordo posiciona o Brasil como um parceiro estratégico em negociações globais, nivelando o acesso ao mercado europeu com outros concorrentes. Isso promete aumentar a competitividade e qualidade dos produtos brasileiros, fortalecendo o papel do país como um dos maiores exportadores agrícolas do mundo.

“Com este tratado, mostramos que o Brasil é essencial para a segurança alimentar global, atendendo aos mais rigorosos padrões sanitários e ambientais”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Este avanço consolida o agronegócio nacional como líder no comércio internacional, abrindo novos mercados e garantindo um crescimento sustentável e diversificado para o setor.

PRAZOS E TARIFAS – A redução das tarifas que o Mercosul cobra da UE pode ser imediata ou ao longo de prazos, que variam entre 4 anos a 15 anos. Para o setor automotivo, os períodos de redução tarifária são mais longos, variando de 18 anos a 30 anos para veículos eletrificados, movidos a hidrogênio e com novas tecnologias.

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Do lado da UE, a redução tarifária também pode ser imediata ou por períodos que vão de 4 anos a 12 anos, a depender do produto.

Estão previstas ainda cotas para produtos agrícolas e agroindustriais do Brasil. Ou seja, acima de determinada quantidade, alguns produtos começam a pagar a tarifa cheia para entrar no bloco. Entram nessa categoria produtos como carne suína, etanol, açúcar, arroz, mel, milho e sorgo, queijos, entre outros.

Para o professor Giorgio Romano Schutte, essa é a principal assimetria do acordo. “No caso dos produtos industriais da União Europeia, eles entram sem cotas, sem restrições ao volume. E no caso dos produtos agrícolas do Mercosul, tem cotas”, lembrou.

O Brasil exportou US$ 46,3 bilhões para a União Europeia em 2023:

Alimentos para animais – 11,6%

Minérios metálicos e sucata – 9,8%

Café, chá, cacau, especiarias – 7,8%

Sementes e frutos oleaginosos – 6,4%

Ferro e aço – 4,6%

Vegetais e frutas – 4,5%

Celulose e resíduos de papel – 3,4%

Carne e preparações de carne – 2,5%

Tabaco e suas manufaturas – 2,2%

O Brasil importou US$ 45,4 bilhões da União Europeia em 2023:

Produtos farmacêuticos e medicinais – 14,7%

Máquinas em geral e equipamentos industriais – 9,9%

Veículos rodoviários – 8,2%

Petróleo, produtos petrolíferos – 6,8%

Máquinas e equip. de geração de energia – 6,1%

Produtos químicos orgânicos – 5,5%

Máquinas e aparelhos especializados para determinadas indústrias – 5,3%

Máquinas e aparelhos elétricos – 4,7%

Materiais e produtos químicos – 3,6%

Ferro e aço – 3,4%

Fonte: Pensar Agro

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