GERAL
AL destaca legado deixado por deputado vítima da Covid-19

Aos 54 anos, Sílvio Favero morreu após ficar intubado por 7 dias
Silvio Antonio Fávero era natural de Umuarama (PR), nasceu em 31 de agosto de 1966. Casado, pai de três filhos, filho do saudoso “Seo” Sebastião e de Dona Angélica, advogado, empresário, produtor rural, ex vice perfeito de Lucas do Rio Verde e, atualmente estava exercendo o primeiro mandato como deputado estadual.
Com histórico de luta, começou a trabalhar aos nove anos de idade, para ajudar no sustento da família com cinco irmãos. À época, trabalhava, com muito orgulho, como feirante subindo e descendo as ladeiras de Porecatu, no interior do Paraná.
Silvio conciliava o trabalho como feirante com a função de servente de pedreiro. Sua alegria de viver, forte comunicação, garra e humildade o projetaram ao primeiro emprego numa Cooperativa local, como office-boy, aos 14 anos.
Muito dedicado ao trabalho, obteve promoções e apoio da empresa para avançar nos estudos. Com o apoio dos amigos e do financiamento público, conseguiu formar em Direito, em Presidente Prudente (SP).
Incentivado pelo pai Sebastião, chegou em Mato Grosso em 1990, um dos primeiros advogados de Lucas do Rio Verde – considerado o defensor público com mais ações gratuitas na região.
Auxiliou na instalação do prédio da Justiça do Trabalho para o município, participou da fundação de diversos bairros da cidade. Por oito anos prestou assessoria jurídica à Câmara de Vereadores de Lucas, atuou, também, como procurador do município e secretário de Administração na gestão Otaviano Pivetta.
Em Lucas do Rio Verde, fez história junto ao Rotary, inclusive foi um dos fundadores do Centro Lions de Visão, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e do Lar do Idoso. Ajudou na implantação da Comarca do Fórum de Lucas, na instalação da OAB, ocupando inclusive o cargo de vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente.
Em 2016, foi eleito vice-prefeito da cidade de Lucas, com forte atuação a favor do desenvolvimento municipal, sendo projetado e estimulado popularmente ao cargo de deputado estadual. Eleito para o primeiro mandato parlamentar em 2018, Fávero foi destaque na Assembleia Legislativa de Mato Grosso pela alta produtividade, autor de centenas de projetos e mais de 20 leis aplicadas em benefício da sociedade, popularmente conhecido como deputado artilheiro.
Pela forte atuação a favor da Segurança Pública de Mato Grosso, Silvio Fávero foi condecorado com diversas medalhas e homenagens. Dentre elas, a distinta honraria ‘Homens do Mato’, designada pela Polícia Militar de Mato Grosso, além de uma placa de agradecimento dos sindicatos dos delegados, investigadores, escrivães e agentes penitenciários pela significativa atuação do parlamentar na reforma da previdência.
Também foi agraciado com a ilustre medalha ‘Mérito Operações Especiais’, pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), homenageado pelo Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) e pela Associação de Oficiais da Reserva em Mato Grosso (AORE), com a medalha de 20 anos de serviços prestados pela associação.
Silvio Fávero estava como membro titular das comissões de Constituição, Justiça e Redação; Segurança Pública e Comunitária; Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais; Revisão Territorial dos Municípios, além de presidir a Comissão Especial para Revisão Geral do Texto do Regimento Interno da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
A serviço dos cidadãos mato-grossenses, Silvio Fávero atuava de forma responsável, comprometida e efetiva a favor da população mato-grossense, provocado pelos dizeres que nortearam, desde sempre, sua atividade política: É POSSÍVEL FAZER!
Deus receba em paz nosso grande guerreiro, que bravamente lutou pela vida e hoje, com muita fé em Deus, segue aos braços do Pai Maior.
Folha Max

GERAL
Por que o chocolate enfrenta uma ameaça existencial?
Os preços do chocolate dispararam em meio a condições climáticas muito secas na África e no Brasil, em um sintoma da crescente desertificação de terras alimentada pelas mudanças climáticas


E essa não é apenas uma história do Brasil. Na África Ocidental, onde 70% do cacau do mundo é cultivado, nas Américas e no Sudeste Asiático, a mudança dos níveis de umidade ameaça o delicado equilíbrio necessário para a produção do cacau. Essas regiões, que abrigam ecossistemas vibrantes e celeiros globais que alimentam o mundo, estão na linha de frente do avanço lento, mas implacável, da aridez.
Nos últimos 30 anos, mais de três quartos da massa terrestre da Terra tornaram-se mais secos. Um relatório recente que ajudei a coordenar para a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação constatou que os solos secos agora cobrem 41% da terra global, uma área que se expandiu em quase 4,3 milhões de quilômetros quadrados (1,7 milhão de milhas quadradas) nessas três décadas – cerca de metade do tamanho da Austrália.
Essa secura progressiva não é apenas um fenômeno climático. Trata-se de uma transformação de longo prazo que pode ser irreversível e que traz consequências devastadoras para os ecossistemas, a agricultura e os meios de subsistência em todo o mundo.
O que causa a aridez?
A aridez, embora muitas vezes seja considerada como um fenômeno puramente climático, é o resultado de uma interação complexa entre fatores influenciados pela humanidade. Esses fatores incluem emissões de gases de efeito estufa, práticas de uso da terra e a degradação de recursos naturais essenciais, como o solo e a biodiversidade.
Essas forças interconectadas têm acelerado a transformação de paisagens outrora produtivas em regiões cada vez mais áridas, com consequências que se propagam por ecossistemas e economias.
Emissões de gases de efeito estufa: um catalisador global
As mudanças climáticas induzidas pela Humanidade são o principal fator de aumento da aridez.
As emissões de gases de efeito estufa, principalmente da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, aumentam as temperaturas globais. O aumento da temperatura, por sua vez, faz com que a umidade evapore mais rapidamente. Essa evaporação elevada reduz a umidade do solo e das plantas, agravando a escassez de água, mesmo em regiões com chuvas moderadas.
A aridez começou a se acelerar globalmente na década de 1950, e o mundo tem visto uma mudança acentuada nas últimas três décadas.
Esse processo é particularmente acentuado em regiões já propensas a secas, como a região do Sahel na África e o Mediterrâneo. Nessas áreas, a redução da precipitação, combinada com o aumento da evaporação, cria um ciclo de feedback: os solos mais secos absorvem menos calor, deixando a atmosfera mais quente e intensificando as condições de aridez.
Práticas insustentáveis de uso da terra: um acelerador oculto
A aridez também é afetada pela forma como as pessoas usam e gerenciam a terra.
Práticas agrícolas insustentáveis, o sobrepastoreio e o desmatamento retiram dos solos sua cobertura vegetal protetora, deixando-os vulneráveis à erosão. As técnicas agrícolas industriais geralmente priorizam a produção de curto prazo em detrimento da sustentabilidade de longo prazo, esgotando os nutrientes e a matéria orgânica essenciais para solos saudáveis.
Por exemplo, em regiões produtoras de cacau, como o Nordeste do Brasil, o desmatamento para abrir espaço para a agricultura interrompe os ciclos hídricos locais e expõe os solos à degradação. Sem vegetação para ancorá-la, a camada superficial do solo – essencial para o crescimento das plantas – é lavada pelas chuvas ou soprada pelos ventos, levando consigo nutrientes vitais.
Essas mudanças criam um ciclo vicioso: os solos degradados também retêm menos água, o que leva a mais escoamento, reduzindo a capacidade de recuperação da terra.
Conexão entre solo e biodiversidade
O solo, muitas vezes negligenciado nas discussões sobre a resiliência climática, desempenha um papel fundamental na mitigação da aridez.
Solos saudáveis funcionam como reservatórios, armazenando água e nutrientes dos quais as plantas dependem. Eles também apoiam a biodiversidade abaixo e acima do chão. Uma única colher de chá de solo contém bilhões de microrganismos que ajudam no ciclo de nutrientes e mantêm o equilíbrio ecológico.
Entretanto, à medida que os solos se degradam devido à aridez e ao manejo inadequado, essa biodiversidade diminui. As comunidades microbianas, essenciais para os ciclos de nutrientes e a saúde das plantas, diminuem. Quando os solos ficam compactados e perdem matéria orgânica, a capacidade da terra de reter água diminui, tornando-a ainda mais suscetível ao ressecamento.
Em resumo, a perda da saúde do solo cria efeitos em cascata que prejudicam os ecossistemas, a produtividade agrícola e a segurança alimentar.
Crises iminentes de segurança alimentar
O cacau é apenas uma das culturas afetadas pela expansão da aridez.
Outras zonas agrícolas importantes, incluindo os celeiros do mundo, também estão em risco. No Mediterrâneo, no Sahel da África e em partes do oeste dos EUA, a aridez já prejudica a agricultura e a biodiversidade.
Até 2100, até 5 bilhões de pessoas poderão viver em terras secas – quase o dobro da população atual nessas áreas, devido ao crescimento populacional e à expansão das terras secas à medida que o planeta se aquece. Isso exerce uma enorme pressão sobre os sistemas alimentares. Também pode acelerar a migração, pois o declínio da produtividade agrícola, a escassez de água e a piora das condições de vida forçam as populações rurais a se mudarem em busca de melhores oportunidades de vida.
Os efeitos em cascata da aridez também vão muito além da agricultura. Os ecossistemas, já sobrecarregados pelo desmatamento e pela poluição, ficam estressados com a redução dos recursos hídricos. A vida selvagem migra ou morre, e as espécies de plantas adaptadas a condições mais úmidas não conseguem sobreviver. As delicadas pastagens do Sahel, por exemplo, estão rapidamente dando lugar a arbustos típicos dos desertos.
Em escala global, as perdas econômicas ligadas à aridificação são surpreendentes. Na África, o aumento da aridez contribuiu para uma queda de 12% no produto interno bruto de 1990 a 2015.
Tempestades de areia e poeira, incêndios florestais e escassez de água sobrecarregam ainda mais os governos, exacerbando a pobreza e as crises de saúde nas regiões mais afetadas.
O caminho a seguir
A aridez não é inevitável, nem seus efeitos são completamente irreversíveis. Mas esforços globais coordenados são essenciais para conter sua progressão.
Os países podem trabalhar juntos para recuperar terras degradadas, protegendo e restaurando ecossistemas, melhorando a saúde do solo e incentivando métodos agrícolas sustentáveis.
As comunidades locais podem gerenciar a água de forma mais eficiente por meio da coleta de água da chuva e de sistemas avançados de irrigação que otimizem o uso da água. Os governos podem reduzir os fatores que causam as mudanças climáticas investindo em energia renovável.
A colaboração internacional contínua, incluindo o trabalho com empresas, pode ajudar a compartilhar tecnologias para tornar essas ações mais eficazes e disponíveis em todo o mundo.
Portanto, ao saborear o chocolate neste Dia de São Valentim, lembre-se dos frágeis ecossistemas por trás dele. O preço do cacau no início de 2025 estava próximo de seu maior valor de todos os tempos, em parte devido às condições de seca na África. Sem uma ação urgente para combater a aridez, esse cenário pode se tornar mais comum, e o cacau – e as doces misturas derivadas dele – pode muito bem se tornar um luxo raro.
A ação coletiva contra a aridez não se trata apenas de salvar o chocolate – trata-se de preservar a capacidade do planeta de sustentar a vida.
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